sábado, 7 de dezembro de 2019

Coisas que aprendi nestes oito anos viajando...

15 de agosto de 2014, aos 21 anos  eu entravava pela primeira vez em um aeroporto e embarcava num voo rumo à Argentina para 2 meses de intercâmbio voluntário em Córdoba. Não fazia ideia nenhuma de como fazer check in ou despachar uma bagagem, nunca tinha ouvido falar em "hostel" antes. 
Durante o intercâmbio conheci várias pessoas com a mesma faixa etária que a minha, e que viajavam de modo independente, sem pacote ou agências, montando o seu próprio roteiro. E muitas vezes sozinhas! Aos poucos fui pegando o jeito da coisa, fiz uma viagem à Patagônia com uma amiga portuguesa e no fim do intercâmbio viajei sozinha de ônibus da Argentina para o Chile. Viagem após viagem vamos aprendendo como funcionam as coisas e o que fica melhor para cada um quando viaja. Vou listar aqui as coisas mais relevantes que aprendi viajando ao longo destes anos:


1. Pesquise sobre o local para onde você pretende ou vai viajar:

Pode parecer banal jogar no google o local da viagem, mas muitas pessoas voltam detestando o lugar onde passaram as férias porque tinha uma visão idealizada do lugar, ou simplesmente se juntaram com um grupo para viajar e nem sabiam direito para onde estavam indo. Eu vejo muito isso acontecer.
Lembro de uma pessoa que foi para Israel com um grupo da igreja e voltou odiando o lugar, pois lá "não havia nada para ver, só tinha pedra velha".
Provavelmente esta pessoa não leu o roteiro que a agência fez ou pesquisou qualquer coisa sobre o local. Outras pessoas que fizeram a viagem adoraram conhecer a parte histórica de Israel e os lugares onde Jesus passou, que era o foco da viagem. Não sei o que ela estava esperando de turismo religioso em Israel, um resort em Punta Cana?
Ninguém é obrigado a gostar do lugar, às vezes a vibe não agrada mesmo, mas este é um exemplo clássico de gente que viaja para o lugar sem ter ideia de para onde está indo. E acredite: existe muito isso! Pessoas que vêem duas fotos do local no pacote barato da agência e compram. Chegando lá descobrem que não era bem o que esperavam.
Não procure no lugar o que ele não tem. Muita gente sai da sua cidade, estado ou país procurando encontrar em outro lugar as mesmas coisas do lugar onde mora, ou comparando com outro lugar que viajou. "É bonito aqui, mas lá na Europa..." Cada lugar é único, pesquise e tente conhecer o máximo que puder, toda lugar tem algo a oferecer.

2. No dia que você chega e o dia que volta não se faz nada:

Eu dificilmente durmo em aeroporto ou avião, quando durmo descanso muito mal. O avião pousa, você espera a mala vir, pega uber/taxi,ônibus, abre a mala, você vai estar com fome, suado, cansado, terá que desfazer a mala ou pegar algo lá. Realmente não dá para colocar passeio no dia de chegada. Sem contar que o voo pode atrasar e você perder aquela atividade que queria fazer e não ter tempo de encaixar no roteiro para outro dia, ou perder dinheiro.
Em Recife meu voo saiu de manhã cedo e queria ver um show em um museu logo após a chegada. Mas os dois voos que peguei atrasaram, e ao invés de chegar ao meio dia cheguei quase 16:00. E o roteiro estava tão apertado que não consegui ir de novo lá.
Se for para algum país com muita diferença de horário o jetlag vai chegar matando. Quando fui para a Tailândia meu corpo levou dois dias para se acostumar com o horário, no primeiro dia cheguei às 06:00 e literalmente dormi o dia todo, só acordei para comer. Depois de dois voos de 10 horas, um voo de quatro horas e muita espera nos aeroportos, nem sabia que eu era capaz de ficar tão cansada e dormir tanto. 
No Peru cheguei às 06:30 e ao sair do avião já senti os efeitos da altitude. Mas no taxi para o hostel acabei fechando um passeio para a tarde com uma agência que o taxista me recomendou, e ainda deixei pago! Mas eu não sabia que ia passar tão mal com a altitude, meu batimento ficou acelerado e deitei a manhã toda achando que iria precisar acionar o seguro viagem. Felizmente melhorei um pouco e  às 14:00 fui para o passeio, que não foi tão bem aproveitado pois ainda estava um pouco mal.
Deixe  o primeiro dia para descansar e dar uma volta nos arredores de onde vai se hospedar, ir ao mercado, dar uma sondada nas agências de passeios que tem no local, etc. O dia de retorno deixo para conferir se não esqueci nada, chegar no aeroporto com tempo, comprar algo que esqueci ou revisitar algum lugar se tiver bastante tempo. Mas não coloco nada "imperdível" da viagem ou comprometo a chegada ao aeroporto neste dia. No dia de voltar você vai estar com certeza cansado para fazer algo que deixou para o último dia e talvez vai acabar nem indo.

3. Aeroportos são frios:
Você sai em pleno verão para uma viagem para um lugar mais quente do que onde você mora. É claro que você vai sair com uma roupa de verão, né? Eu sempre fazia isso e ficava batendo queixo. Tanto o aeroporto quanto o avião são frios e você vai tremer de short e blusa sem mangas, mesmo se o aeroporto for na Bahia, acredite. Se tiver rinite igual eu nem se fala! Leve um casaco ou vá com uma calça de tecido mais leve ou vestido longo para também não sair do aeroporto e chegar torrando no hotel.

4. Fotos turísticas nem sempre são fiéis:
Você vê foto daquela praia com água turquesa ou aquelas montanhas verdinhas e decide viajar para o lugar. Mas chega lá e vê que a água era azul escuro como qualquer praia normal e as montanhas não tem nada de especial.
Podem ser vários motivos: edição de imagem, viajar na época errada, choveu ou estava nublado ou outros fatores que alteram a cor e a visibilidade da água, etc.
Em Paraty  choveu  quando fiz o passeio das "ilhas paradisíacas", que no fim foi um passeio de  barco em alto mar com nada "paradisíaco". A chuva deixou o mar agitado e a água escura.
Eu pesquiso sempre posts em vários blogs e vídeos de vários canais diferentes, confio mais no vídeo do que na foto para avaliar os lugares que pretendo ir. A estação do ano que você vai viajar influencia muito. Se ir para a Toscana ( Itália) no inverno as paisagens nem de longe serão aqueles campos verdinhos com vinhedos. 


5. Se achar que é muito perrengue ou não vai dar tempo, pague por um passeio:
Eu sempre tento fazer tudo por conta própria ou ir sozinha, mas às vezes a economia não compensa o cansaço e o transtorno. Um exemplo onde não valeu muito a pena ir por conta própria foi em Ayuttaya na Thailânia, quase perdi  o dia.
Tem atrações que ficam muito longe um da outra, é meio perigoso ir por conta ou os horários de ônibus não batem. Aí vale mais a pena pagar por um passeio que te leve direto ao lugar. 

6. Viagem não é hora de "estrear" roupas e calçados: 
Você deixa aquele calçado ou roupa nova para usar na viagem, aí descobre lá que ele machuca o pé, aquela saia fica subindo, a blusa não fica bem com aquele short como você pensava e assim vão acumulando roupas inúteis na mala. Leve o que você sabe que não vai incomodar.

7. Não leve todo o seu guarda roupa na viagem:
Depois que descobri que dá pra lavar roupa ( na mão mesmo ou mandar lavar) na viagem levo cada vez menos coisas. Sei que tem gente que não gosta da ideia, mas sempre levo grampo de roupa e cabide para pendurar as roupas para secar, lavo às vezes no chuveiro mesmo, no verão seca rapidinho. Assim você consegue viajar sem despachar ou carregando pouco peso.
Em hostels isto é muito comum, pois muitos mochileiros fazem viagem de meses. Durante os 15 dias que passeio no Peru e Bolívia levei roupa só para ma semana, mandei lavar tudo o que tinha e me cobraram R$20,00. No Brasil lavaderia é caro, mas em muitos países sai bem barato. Na Tailânida cobravam R$10,00 para lavar um quilo de roupa!

8. Apetrechos que salvam:
Agulha e linha para consertar aquela alça que arrebentou, grampo para fechar o pacote de bolacha ou prender a roupa no varal, caneta para preencher um formulário,bateria portátil, remédios, tesoura ( você vai precisar cortar algo, acredite), são coisas que valem a pena levar, pois na hora que precisar ninguém vai ter perto.

9. Leve comida sempre que puder:
Todo mundo sabe que qualquer lanchinho em aeroporto ou ponto turístico custa uma facada. A comida do avião não enche a barriga e naquelas conexões longas dá vontade de comer uma coisa que sustente, aí acabo comprando.
Mas sempre faço uma compra no mercado e levo lanche para o aeroporto ou passeio. Sanduíche, bolacha, suco, bolacha, barrinha, te salvam de pagar ma fortuna por um pacote de salgadinhos e ainda ficar com fome.
Eu sempre levo um pote na mala, pra fazer uma marmita com o café da manhã do hostel kkk.
Eu sempre provo a comida do local, mas não como fora o tempo todo. O Nordeste e o Rio de Janeiro foram os lugares onde mais cozinhei no hostel, pois qualquer refeição saía caro. Eu geralmente almoço fora e as outras refeições ou cozinho ou compro algo pronto no mercado. Mas há exceções, na Tailândia era tudo tão barato que não cozinhei nenhuma vez, eu almoçava um prato tradicional por R$6,00!

10. Há muitos turistas abusados que não respeitam o lugar:
Já assisti a várias cenas de extremo desrespeito de turistas com locais, pessoas que acham que porque pagaram pela viagem agora são donas no lugar. Se o guia diz que fazer determinada coisa não pode é porque não é para fazer. A Monkey Island na Tailândia é um triste exemplo disso, turista dando refrigerante, cerveja e salgadinhos para os macacos, ignorando os avisos dos guias. E ainda deixando sujeira no lugar e sendo grossos com os guias que chamavam a atenção.

11. Atrações com animais não são fofinhas:
Andar de elefante, nadar com arraias e golfinhos (segurando na barbatana!), acariciar tigres dopados, animais fazendo piruetas, tudo isso na foto é lindo. Mas a história de como estes animais são tratados e ficam o dia todo sendo obrigados  a tais atrações só para você ter a sua foto é bem cruel, não contribua com isso.

12. Comprar a passagem muito cedo nem sempre sai mais barato:
Muita gente acha que precisa comprar a passagem um ano antes para economizar. Acontece que tão cedo assim as companhias aérea nem tem  o preço ainda. 
Em 2016 eu comprei em setembro uma passagem de Navegantes para Salvador (20/12 - 04/01) e paguei R$715 com bagagem. Meses antes a passagem nestas datas custava mais de R$1.000.
Eu uso o skyscanner para monitorar o preço das passagens ao longo do ano. Assim sei qual a média de preço da passagem para o mês que vou viajar, já que posso somente em julho, dezembro e janeiro. 
Para passagem internacional os voos baratos esgotam rápido e depois ficam só os horários mais caros, e eu compro de 6 a 8 meses antes. Voo nacional dá pra comprar poucos meses antes. Quem monitora o preço das passagens sabe a média que elas custam, aí não vai esperar baixar demais e acabar perdendo a passagem que queria.

13. Não confie cegamente nas agências:
Pesquisar sobre o destino antes de comprar também serve para não ser enganado pelas agências. Como já tive problemas comprando passagens no submarino hoje as passagens internacionais compro numa agência. Mas chego lá e digo que quero a passagem vi, em determinada data e horário com o preço que vi. Se der algo errado como cancelamento de voo eles tem contato direto com o escritório das empresas em São Paulo e resolvem na hora. Voos nacionais eu compro a passagem sozinha no site da companhia aérea.
Isso vale também para passeios, pesquise antes na internet sobre os passeios e tours disponíveis em cada lugar, para ter uma noção quando chegar lá.

14. Não reserve passeios antes de chegar:
A não ser que seja um passeio que esgote rápido e necessite mesmo de reserva antecipada como Machu Picchu, você vai pagar mais caro se reservar pela internet.
Os passeios nunca são mais caros do que na internet, ou custa o mesmo preço ou mais barato. Eu reservava antes com medo de ficar sem passeio, mas percebi que há sempre várias agências vendendo os mesmos passeios por preços diferentes. Deixe o primeiro dia da viagem para dar um volta no centro da cidade e sondar os preços disponíveis. E pesquisar antes sobre a reputação das agências no tripadvisor!

15. Pesquise sobre a programação cultural do local:
Pesquise o que tem acontecendo na cena cultural do local que você vai se hospedar, tem sempre algo acontecendo nos teatros, bares, etc. Assim você contribui com os artistas e locais e ainda conhece programas culturais diferentes.

16. Reservar hostel barato e mal localizado custa caro:
Eu sempre coloco "ordenar pelo menor preço" no booking e anos atrás escolhia sempre o mais barato, pois o importante era economizar. Acontece que muitos locais são baratos por serem mal localizados e isso significa pegar ônibus ou andar muito para ver qualquer coisa, voltar depois de escurecer e ter que gastar com táxi/uber. Sem contar que muitos passeios que buscam no hotel não pegam turistas em bairros mais distantes. Sempre pesquise a distância da hospedagem para os locais que você quer visitar, não vale a pena pagar muito barato e se incomodar com trânsito e transporte nas férias.

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