quinta-feira, 22 de julho de 2021

Fazenda San Francisco - um dia no Pantanal

 O pantanal é um bioma que abrange o Brasil, Paraguai e Bolívia, tendo no Mato Grosso do Sul 65% de sua extensão. Considerado a maior planície alagada contínua do mundo, se estende pelos municípios de Ladário, Corumbá, Aquidauana, Anastácio e Miranda, onde está a localizada a Fazenda San Francisco. Localizada a 160 km de Bonito, a Fazenda San Francisco tem opção de hospedagem no local ou day use com safari fotográfico e passeio de chalana, passeio vendido nas agências de Bonito.


O ônibus saiu às 05:30 de Bonito em direção à Fazenda San Francisco. No caminho paramos em um hotel para tomar café da manhã ( pago à parte). Na Fazenda San Francisco não tem café da manhã no day use, é bom comer algo reforçado antes dos passeios. Chegamos às 08:00 e fizemos o "check in" do passeio na recepção. ÀS 08:30 entramos no carro de safari que nos levou a um pequeno porto onde fica a chalana. Logo depois de escolhermos nossos lugares a chalana partiu. Ambos o primeiro e o segundo andar são bons para tirar fotos, em cada lugar você consegue ângulos diferentes. Eu fiquei um pouco em cada andar para conseguir tanto fotos com vista panorâmica no segundo andar e mais perto dos animais no primeiro andar.

A chalana navega devagar e tranquilamente pelo rio Corixo São Domingos, um dos braços do Rio Miranda. Ao longo do trajeto a chalana vai formando um desenho pelas plantas aquáticas, rastro de sua viagem pelo rio. Logo no início do passeio, já é possível avistar vários dos moradores mais imponentes: os jacarés. Alguns aparecem nadando sozinhos entre os iguapés ou em grupo, parados no canto do rio, parecendo que esperam por algum animal distraído aparecer...


O passeio segue em meio ao silêncio do rio, quebrado somente pelo suave som do barco ou pelo mergulho de alguma ave. No roteiro do passeio estava incluído a "pescar artesanal de piranhas", que na verdade são pessoas que não sabem pescar jogando o anzol na água e esperando pescar alguma coisa rsrs. Alguns turistas conseguiram pescar piranhas pequenas, que logo foram devolvidas ao rio.

No mesmo local da pesca de piranhas havia uma concentração enorme de jacarés. O barco parou bem ao lado deles, que ficam imóveis e com um sorriso malicioso, que deixa em dúvida se estão posando para as fotos ou querendo dizer: chega mais perto turista idiota! hahah



Alguns jacarés ficavam imóveis sobre as plantas e outros nadavam ao redor da chalana. Segundo o guia não precisávamos nos preocupar, pois eles estão acostumados e não iriam invadir o barco em bando para nos comer. Este jacaré foi apelidado de "Lulinha", pois tem uma pata faltando rsrs. Provavelmente perdeu-a em alguma briga com outro jacaré.


Depois da observação de jacarés e a pesca de piranhas, a chalana seguiu para um ponto onde paramos para a guia alimentar o jacaré. Demorou um pouco, mas o jacaré saiu da água, deu um pulo e comeu a isca! Olha eles vindo na foto...


Depois do show dos jacarés foi a vez da garça treinada, a Maguary (que é também o nome da espécie dela). Ela ia e voltava no braço da guia que também treinava os jacarés.

A chalana retornou ao ponto de partida e voltamos com o carro de safari para a Fazenda San Francisco. Antes do almoço assistimos a uma palestra com um biólogo do Instituto Pró Carnívoros, que trabalha com a preservação de canídeos ( lobo-guará, cachorro-do-mato, raposa), felídeos (gato-do-mato, onça, jaguatirica), mustelídeos ( furão, lontra, doninha ), mefitídeos ( cangambá e zorrilho) e procionídeos ( quati, jupará e mão-pelada). Havia várias crianças na palestra, apesar de ser algo mais científico ( com slides, dados e gráficos sobre as pesquisas), eram sempre as crianças que faziam perguntas e demonstravam interesse na palestra.

Depois de aprender sobre os carnívoros pantaneiros, fomos almoçar. O almoço é típico pantaneiro com carnes, massas, arroz e saladas. A sobremesa é igual aos passeios em Bonito: doce de leite e queijo branco. O redário e a piscina estavam à disposição de quem fazia o day use, mas apesar do sol a água da piscina estava muito gelada.



O day use na Fazenda San Francisco é vendido pelas agências de Bonito como os demais passeios, mas a estrutura, organização e atendimento deixam muito a desejar comparado com os outros passeios em Bonito. O almoço não estava ruim, mas sabe quando a comida não é feita e posta na mesa com o devido cuidado? Parecia tudo um pouco jogado e feito de qualquer jeito, nada comparado aos almoços que fiz nos outros passeios. Fomos informados que o passeio de safári fotográfico seria depois do almoço " lá pelas duas da tarde". Eu perguntei várias vezes se já era hora de ir para o passeio e sempre me pediam para esperar. Eu comecei a perceber que o pessoal que veio de ônibus comigo não estava mais no redário... fui na entrada da fazenda e vi todo mundo já no carro de safári quase saindo. Eu e mais algumas pessoas estávamos "atrasados", pois segundo eles iriam chamar e não ouvi ninguém chamar e inclusive perguntei várias vezes sobre o horário de saída.

Nossa guia tinha uma visão muito apurada para avistar os animais e rapidamente avisava ao motorista, que parava o carro para que pudéssemos observar. O primeiro animal avistado foi uma enorme sucuri, que não aparece na foto, nenhum zoo consegue identificá-la. Mas ela estava lá, enrolada com um nó em meio descansando na planície alagada. Entre os animais que vivem na reserva estão a capivara, cervo, jacarés, aves e a onça, a mais rara de ver e a mais esperada pelos turistas.


Depois da sucuri avistamos vários cervos-do-pantanal, que pareciam não se importar com o carro, somente com a horda de turistas barulhentos que os observava. Mesmo com as os pedidos de silêncio da guia, o pessoal insistia num alvoroço desnecessário na hora das fotos. Aconselho a sentar nos bancos da ponta para evitar passar por cima dos outros na hora de tirar fotos. 



A Fazenda San Francisco possui uma área destinada à fazenda e um para preservação, mas os animais vivem livremente e acabam transitando nos dois espaços, como aparece na foto. Como estamos em uma área de preservação e não em um zoológico, temos que contar com a sorte ( e o silêncio dos turistas ) para avistar os animais. 

No meio do safari descemos do carro para fazer a trilha do Carandá, que  é uma trilha suspensa sob a mata ciliar do Rio Miranda. Não avistamos nenhum mamífero, somente pegadas e anta e onça, que segundo a guia eram pegadas frescas.



Quando saí de Bonito às 05:30 a temperatura estava 4º C, mas perto do meio dia o tempo esquentou absurdamente. Eu fui com duas blusas de manga comprida e um casaco, pois era julho e não acreditei que a temperatura pularia de 4º C para 30º C. 
Seguimos para o final do safari a avistamos algumas famílias de capivaras nadando no rio. Onde eu moro tem várias capivaras que vivem no barranco do rio e sempre achei que elas não faziam som, pois nunca tinha ouvido. Eis que elas começam a fazer um grito de alerta, o que para mim mais parecia um latido. Enquanto uma das capivaras gritava, as demais nadavam rapidamente junto a ela, parecendo bem desesperadas. Elas só emitem este som quando há sinal de perigo...


 Alguns segundos depois vimos qual era o motivo do latido: a tão esperada onça! Ela não comeu nenhuma capivara, passou nadando ao lado do carro e atravessou a estrada correndo rapidamente por trás do carro. 


No final do safari conseguimos ver novamente a onça ( será que era a mesma?). A guia avistou bem de longe no meio do capim e pediu para o motorista parar o carro enquanto nos concentrávamos para encontrar a onça. A cor do pelo se mistura com a cor do capim na estação seca, facilitando o esconderijo da onça pintada. A onça está nesta foto, acreditem 😂. Se der um zoo você encontra, está bem no meio da foto.


A onça foi a última atração do safari, na volta avistamos aves e muitos jacarés. Voltamos para a fazenda onde um lanche nos esperava ( café preto, suco, pipoca e bolo inglês). Como havia comida na mesa alguns papagaios apareceram atrás da comida. Eu entendo que uma criança às vezes não sabia que animais não podem comer comida cheia de sal, açúcar, corante e produtos químicos, mas um adulto alimentar as aves com várias placas pedindo para não fazer é o cúmulo do absurdo. Quando vi uma mulher dando aquela pipoca com 10 kg de sal para os papagaios falei que não podia, e ela perguntou "quem disse que não pode"? Logo vieram os funcionários tirando os papagaios da mesa e dando  a maior bronca no pessoal que não leu as várias placas ( várias mesmo ) avisando para não alimentar os animais. Depois do lanche retornamos ao ônibus em direção à Bonito.


Aracuã

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