domingo, 30 de julho de 2017

Prrengues para evitar no Peru e na Bolívia


Cusco é a cidade base para conhecer MachuPicchu e as demais ruínas Incas nos arredores. A cidade sobrevive majoritariamente do turismo. La Paz vai no mesmo caminho, são dois locais onde grande parte da população tira o seu sustento do turismo local. Isso significa que tem gente em todos os cantos ( todos mesmo, eles brotam de onde você menos imagina) querendo te empurrar qualquer tipo de serviço turístico. E a qualquer custo, o que acaba colocando muitos turistas em furadas. De todos os países que visitei na América do Sul, Peru e Bolívia são os mestres da desorganização e picaretagem com o turista. Aqui vão algumas recomendações de alguém que viveu alguns perrengues no Peru e na Bolívia:

1# Há grandes chances de o soroche de pegar: quando eu lia sobre o mal da altitude, acreditava que era um simples mal estar que em alguns dias iria desaparecer. Quando saí do avião em Cusco às 06:15 comecei a ter dificuldade de respirar, tontura, e meu coração ficou batendo muito rápido a manhã toda. Pensei até que precisaria acionar o seguro saúde no primeiro dia de viagem. À tarde os sintomas diminuíram um pouco, mas qualquer subida de 10 degraus já me deixava ofegante, durante os 11 dias de viagem . Meu nariz sangrou até alguns dias depois de voltar ao Brasil. Eu nunca bebi tanta água na vida, a garganta seca era constante. Fiquei bebendo chá de folha de coca e mastigando bala de coca a viagem toda, mesmo assim era só começar a fazer um mínimo de esforço físico que parecia que corri uma maratona. Dizem que mastigar as folhas de coca ajuda, mas elas têm um gosto horrível. Quando comprei veio uma pedrinha doce junto, mas não ajudou muita coisa.

2# Não há muita necessidade de reservar  antecipado: as vagas raramente irão esgotar para passeios curtos ( um dia ou dois de duração) e muito procurados como city tour, Vale Sagrado, Montaña Vinicuca e Salar de Uyuni. Os valores que vi na internet antes de viajar são absurdamente mais caros do que os que encontrei nos locais. Há inúmeras agências que fazem os mesmos tours com os mesmo roteiros, pois há várias vans e jeeps no mesmo local fazendo exatamente a mesma coisa que você, e por preços bem diferentes. Eu reservei em La Paz o tour de um dia para o Salar de Uyuni por Bs 300. Quando desci do ônibus em Uyuni uma mulher me ofereceu o mesmo tour por BS150! E todos os tours de um dia fzem o mesmo roteiro, até a comida do almoço era a mesma. 

3# Não compre passagens de ônibus terceirizadas, compre direto com a companhia na rodoviária: nas ruas de qualquer cidade turística - tanto no Peru como na Bolívia - é muito fácil comprar passagens de ônibus, não precisa ir até a rodoviária. Mas é claro que  povo não vende passagem a troco de nada, elas custam mais caro por causa da comissão. 
Eu estava com preguiça de ir até o terminal e optei pela comodidade de comprar a minha passagem Cusco - La Paz a poucos metros do hostel. Quando cheguei no terminal descobri que havia pagado R$20 mais caro e ninguém encontrava o meu nome na lista de passageiros. Depois de alguns minutos viram que o cara fez a reserva da minha passagem pra uma empresa e escreveu o nome de outra no recibo. Pra piorar ele não confirmou o meu bilhete com a companhia e o horário que eu escolhi estava lotado (22:00). A saída era esperar pelo ônibus das 22:30 que não iria direto a La Paz, parava em Puno e Copacabana e demorava algumas horas a mais.
A viagem correu bem, até que às 08:00 começou um trânsito que não andava nunca. Então o motorista anunciou que os professores estavam fazendo uma manifestação que fechou a rota para La Paz em vários pontos e não havia previsão de chegada, até a polícia disse que não podia fazer nada para impedir a manifestação ou fazer o ônibus passar. 
Havia muita gente na manifestação, estavam colocando fogo em pneus na estrada, não passava veículo nenhum, apenas pedestres. Todos que estavam no ônibus desceram, queriam ir a pé até Copacabana, pois de lá a empresa nos colocaria em outro ônibus para La Paz. Mas era muito longe andar a pé, atravessamos uma ponte no meio da manifestação,  carregando mochilas e sacolas e passando no meio de vários pneus pegando fogo! Aí um cara concordou em nos levar de van até a fronteira do Peru com a Bolívia, depois de negociarmos muuuito o preço. O cara só aceitava moeda peruana, e muita gente não tinha mais porque havia trocado tudo para bolivianos, e no fim eu acabei pagando a van pra um monte de gente, se não ninguém nunca sairia daquele lugar!
Povo embarcando na van, não lembro
o nome de ninguém kkkk
 O caminho era longo, o trajeto até a imigração durou cerca de 1:30 , e o tempo todo o pessoal ficava duvidando se aquele motorista nos levaria mesmo até onde pedimos. Estávamos todos com medo de sermos largados no meio do nada pelo cara. Então passamos por uma cidade com a placa escrito Juli: a pequena Roma da América do Sul ( claro, tudo a ver), aí o cara parou no meio da estrada - momente tenso, todo mundo apreensivo - e uma mulher trouxe um balde com um funil ( de cozinha mesmo) e abasteceu a van com um negócio que parecia mais produto de limpeza do que combustível ahhaha.
Aí então seguimos viagem, passamos pela imigração para carimbar a saída do Peru e logo ao lado  carimbamos a entrada da Bolívia. Um outro ônibus da empresa Titicaca estava nos esperando em frente à imigração boliviana para nos levar a La Paz. Não direto, pois o ônibus parou em Copacabana e esperamos uma hora pra chegar o outro ônibus, que me deixou em La Paz às 19:00. Tudo isso por causa de um vendedor de passagens incompetente, e da minha preguiça de ir até o terminal. 

4# Não precisa de passaporte para viajar para o  Peru e a Bolívia, mas é melhor ter: brasileiros podem ficar até 90 dias nesses dois países sem precisar de visto. Mas eles precisam registrar de algum modo o sua data de entrada e saída, e isso é feito com um simples papelzinho!  Acontece que um turista ao passar na imigração para sair do Peru descobriu que havia perdido o papel que ganhou no aeroporto com o carimbo confirmando a data de entrada. Não sei como ele resolveu isso, mas acho que perder o passaporte é mais difícil do que perder um papel que se mistura com vários outros na sua bagagem.
No hostel em La Paz conheci uma mineira que chegou na Bolívia de ônibus pela fronteira com a Argentina, passando por Villazón. Mas segundo ela, como ela não tinha passaporte para carimbar, simplesmente passou pela fronteira e  ninguém deu papel algum para ela ou pediu documento. Quando chegou na Bolívia pediram o registro de saída da Argentina, que aparentemente não registrou a saída dela. Então começaram a dizer que ela havia invadido a fronteira e que tinha duas opções: voltava pra Argentina pra passar de novo por Villazón e pegar o papel, o que era arriscado. Ou deixava a Bolívia em 2 dias sem poder retornar nos próximos 3 anos. Acontece que ela tinha um intercâmbio voluntário programado na Bolívia e no Peru. Se ela tivesse passaporte acredito que isso não teria acontecido, pois estariam carimbadas as datas de entrada e saída.


5# A distância é relativa: cada um parece ter a sua própria noção de distância. Uma pessoa te diz que é perto e pode ir caminhando, você anda, anda e depois alguém te diz que é muito longe e que tem que pegar um taxi. Depois de andar as quatro quadras que te disseram e pensar que chegou, alguém te informa que ainda precisa andar no mínimo mais 6. Isso tudo a mais de 3.000 de altitude é uma maravilha pra testar a sua resistência física. Fiquei andando por mais de meia hora pra tentar achar o local onde se pegava ônibus para o bondinho amarelo em La Paz. Desisti de tentar economizar e acabei pagando um táxi. Tentar economizar com transporte público quando não se tem tempo pode ser ser uma encrenca.

Eu e as tias mercenárias das Lhamas

6# Tirar foto com a lhama ou qualquer pessoa vestida de traje típico paga: há muitas mulheres e crianças no Peru vestidos com trajes coloridos e que gentilmente te convencem a tirar uma foto com o bichinho. Aí você pergunta se paga e elas dizem que é uma contribuição voluntária, mas se você não der o valor que elas querem, começam a falar alto e até ir atrás de você para tentar ganhar o resto do dinheiro. Eu dei algumas moedas e duas mulheres começaram a ir atrás de mim e a repetir S/10 para cada uma!S/10 para cada uma! Eu dei mais uns trocados e apressei o passo. Poderiam ter falado antes quanto realmente custava a foto. É lógico que elas não irão ficar o dia todo no sol com os animais a troco de nada. Mas essa perseguição é irritante, parece que o turista é obrigado a fazer o que elas querem. E preste atenção no animal antes de tirar a foto, muitas vezes é um bezerro e não uma lhama hahaha. Sério, o filhotinho confunde, alguns estão sempre dormindo enrolados em um pano e você é enganado pensando que tem uma foto com um bebê lhama.

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