Eu visitei o Chile saindo de Córdoba, cidade on eu estava fazendo o intercãmbio pela AIESEC. Eu estava muito em dúvida sobre para qual cidade ir, e fuçando o Get south e o google imagens acabei escolhendo Valparaíso e Viña del mar, que são cidades vizinhas, menos de 20 minutos de distância. Comprei as passagens uma semana antes, reservei os hostels, e voilá! Então sábado à noite, dia 11 de outubro, parti para Valparaíso. Não exatamente porque não há ônibus diretos, tem que fazer conexão com Mendoza.
Aduana chilena |
O hostel ficava em um "cerro", o Cerro Alegre, que tem esse nome devido aos bordeis e festas que havia lá anos atrás. Cerros são como colinas ( segundo a wikipédia são a mesma coisa), formando ladeiras quase impossíveis de subir sem parar na metade de tanto cansaço. Ainda no táxi o que me chamou a atenção, além das cores, foi a arquitetura do lugar. As casas são estreitas e muito altas, dá a impressão de que tudo vai cair. Tirando o centro, que fica na parte plana da cidade, os vários cerros são muito inclinados, formando ladeiras que junto com as casas dão um "clima" de sei lá o quê pra cidade. Só sei que gostei de lá hehe.
Como ainda tinha um pedaço da tarde, fui dar um rolezinho para ver o que tinha perto. A arquitetura da cidade é influenciada pelos imigrantes franceses, ingleses e alemães. Como o Cerro Alegre é um bairro turístico, é bem mais "bonitinho" do que os outros, com muitos café, bares e restaurantes, e consequentemente mais caro.
Ao contrário da Patagônia, onde serviam o café da manhã entre 06:00 e 07:00, aqui serviam às 08:30. Como eu andava o dia todo e dormia cedo, acordava cedo também, tipo 07:00. E esperar uma hora e meia pra comer era tortura, então ia dar um volta pra matar tempo. Pelo menos conseguia aproveitar a luz para tirar algumas fotos.
Como eu sabia bem pouco sobre a cidade (o que li no Get South e no google), fui decidindo aleatoriamente onde eu iria. Consegui um mapa no hostel e fui na sorte. No mapa riscaram uns lugares peligrosos, onde não valia pena se arriscar. Esse lugar ficava a caminho do museu naval, um lugar que eu queria ir e fiquei com o pé atrás. Na verdade comecei a andar em direção ao local, uma parte da cidade onde o lugar torna-se meio sinistro e você parece que não reconhece mais e fica relutando para ver se continua ou não. Pois é, não continuei. Ainda mais que em qualquer canto o pessoal percebe que você está viajando sozinha, pergunta com cara de espanto e fica encarando. Pelo me me falaram toda a vez que eu pedia informação na rua, é que indo para a esquerda da Plaza Sotomayor a coisa complica...
Plaza Sotomayore a Armada do Chile ao fundo |
Desci o cerro até o porto para ver o que tinha de interessante lá. Cheiro de peixe, gaivotas, pombas, barcos. Há uma fileira com umas dez lojas, que vendem praticamente as mesmas coisas, mas com preços bem diferentes. E um cara vendendo sax de bamboo:
Havia também outro cara berrando que tinha passeios de barco por 3.000 pesos. Durante o passeio tinha muita bruma e só dava para ver o que estava muito perto. Às vezes desaparecia, mas na maior parte do tempo eu só enxergava o que estava a menos de uns 20 metros de distância, ou ao meu lado, como o lobo marinho dormindo e outro pulando.
Havia também outro cara berrando que tinha passeios de barco por 3.000 pesos. Durante o passeio tinha muita bruma e só dava para ver o que estava muito perto. Às vezes desaparecia, mas na maior parte do tempo eu só enxergava o que estava a menos de uns 20 metros de distância, ou ao meu lado, como o lobo marinho dormindo e outro pulando.
Vista do restaurante Fauna e a foto que mais gosto de toda a viagem s2.
O bairro é todo bonitinho, e dá vontade de entrar em todos os lugares, só não tinha estômago e bolso pra comer em todos ehhehe. Então entrei na padaria mais fofinha que já vi :-).
Valparaiso é a única cidade do mundo que usa os ascensores como transporte público. Há vários espalhados pela cidade, alguns parados. Como é muito barato, 100 pesos chilenos ( menos de um real), a preguiça falava mais alto e eu raramente subia os cerros caminhando.
Como os cerros são muito íngremes e cansativos, além do ascensor há as "pasages", que são escadas para caminhar entre os cerros. A maioria delas é decorada com desenhos e mensagens.
Também há um "metro", que não é um metrô e sim um tem. Como eu queria ir ao Mirador Diego Portales, que ela muito longe, a recepcionista do hostel me emprestou um cartão do "metro". Para variar o mirador ficava em lugar muito alto, tive que também usar um ascensor. O lugar não era tão bonito quanto nas fotos do google imagens, mas pelo menos dava para ver a cidade toda.
A água da praia é absurdamente fria e verde. Apesar de a cor dar a impressão de ser limpa, não é considerada apta para o banho. Há muitas pedras e lixo. Tentei encontrar conchas mas só vi esqueletos de tatuíra e gaivotas esfomeadas pegando algo da água do esgoto para comer.
Havia no caminho um Moai, trazido da Ilha de Páscoa como presente em um dos dos aniversários da cidade. Isso foi o mais perto que cheguei da Ilha de Páscoa. Há voos saindo somente de Santiago e custam de 800 a 1000 dólares, muito mais do que gastei com tudo nos dois meses de intercâmbio.
Dessa praia dava para avistar um farol sobre grandes pedras. Como eu nunca vi um farol na minha frente, comecei a caminhar até ele, mesmo não sabendo a distância que teria que percorrer. Bom, a distância era muito grande e só chegando muito perto percebi que o farol ficava numa escola naval, ou seja, um lugar fechado e nada de selfie no farol. Não é bem um farol, tá parecendo mais o plâncton do Bob Esponja, mas vale.
Em outro hostel localizado na mesma rua do meu, alugavam bicicletas e faziam excursões guiadas. Pensei em alugar uma e ir sozinha, mas como tinha pouco tempo para ver tudo decidi fazer a tour. Eu agendei a tour em grupo, mas como só havia eu, paguei uma tour individual pelo preço em grupo hehe. O nome da tour é ecorecicleta, se você quer conhecer a história da cidade vale muita e pena, mas se acha isso tudo um tédio, passe longe. A guia conhece muito bem a história de Valparaiso, e parou em vários pontos para as aulas de história. A cidade tem umas peculiaridades, como os incêndios quase diários por causa do vento. Como não tem costa, só uma faixa de praia com muitas pedras e a geografia de difícil locomoção por causa dos cerros, a cidade não atraía muito os imigrantes com muito dinheiro, que iam para a cidade ao lado, Viña del mar. Valparaíso não tem "classe A", pois lá não tem nem onde você ficar realmente rico. É uma cidade de artistas e estudantes, sobrevivendo do turismo.
Depois de subir de bicicleta os cerros nada inclinados, veio a parte fácil : descer. Nem tanto. Fiquei admirando a vista que eu tinha e descendo, toda empolgada e ploft! A roda da bicicleta entrou na grade do esgoto e eu dei uma voadora. Isso me custou um cotovelo ralado e três enormes manchas rochas na perna, que só fui ver no outro dia. Menos pior do que um gringo que conseguiu destruir a bicicleta, não estou tão mal assim...kkkk.
Seguindo o tour com a corrente da bicicleta soltando o tempo todo por causa do acidente e mancando, fomos à mesma parte da praia onde eu havia estado no dia anterior. Essa parte onde fomos eu não havia visto, pois andei nesse trecho pela passarela. Fiquei tão focada em achar o farol que nem vi os leões marinhos estarrados num pedaço de trapiche do meio do mar.
Havia kaiaks para alugar perto dos lobos marinhos, peguei outro metro e voltei. Esqueci de levar roupa para trocar e fiquei com a calça toda molhada. Sorte que eu tinha um casaco para amarrar na cintura, senão o povo no metro ia pensar que eu não consegui aguentar até chegar no banheiro ahahha. Como o kaiak dava para chegar muito perto dos lobos marinhos, cheguei até a pensar que um deles podia vir por baixo e virar o barco, mas acho que eles não são muito chegados.
Como era o penúltimo dia em Valparaíso, já me bateu uma saudade e veio aquela sensação de "não sei quando vou voltar aqui". Então voltei ao lugar que eu mais havia gostado: |
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