Se você foi para a Amazônia e não dormiu em um hotel de selva ou acampou no mato você não foi realmente para a Amazônia. Acredito que a viagem não teria sido a mesma se não tivesse me hospedado no Juma Lake. Eu fui com a agência Iguana Turismo e fiz o "pacote sunrise", que inclui pernoite em dormitório compartilhado com dois dias de atividades.
Às 08:15 da manhã a van saiu da agência em direção ao porto do Ceasa, onde pegamos uma lancha para a Vila do Careiro, e no caminho passamos pelo encontro das águas. Ali a internet já havia sumido,após o barco pegamos uma kombi para depois pegarmos outro barco e seguir pelo Rio Paraná do Mamori até chegar no hotel.
Pintura Amazônica |
O pacote sunrise tinha duas opções de hospedagem: quarto compartilhado ( R$420,00) ou chalé com quarto individual com cama de casal (R$500,00). Claro que eu para economizar escolhi o primeiro, e foi uma economia muito burra! O quarto compartilhado tinha bem mais camas do que nas fotos, havia tantas camas que mal dava para se mexer, o espaço entre elas era muito pequeno ( quase inexistente na verdade). O quarto era muito abafado, os ventiladores não davam conta, pois o quarto era muito grande. Havia um mosqueteiro em cada cama, o que não consegui usar porque dava a impressão de que eu estava em um caixão e deixava o ar mais pesado pra respirar. Eu não dormi praticamente nada, ainda bem que era só uma noite.Resumindo: pague R$80,00 a mais e tenha um chalé espaçoso só para você com banheiro privativo.
Entrada do dormitório |
Chalés com quarto individual |
Chegamos perto das 11:30, o almoço foi servido às 12:30 e deu tempo para dar um mergulho no rio antes de comer. Uma das coisas mais legais do passeio é tomar banho de rio! Pode ser jogar, não tem piranha nem jacaré, a água é fresquinha. A alimentação no hotel era muito boa, havia sempre água disponível e o almoço, janta e café da manhã eram muito bons. A comida sempre variava, peixes ( frito ou ensopado), arroz, feijão, macarrão, macaxeira (aipim kkk) e salada.
Às 15:00 saímos de barco para a pesca de piranha, avistamento de boto e assistir ao pôr do sol. Uma coisa interessante de compreender quando vamos fazer algo na floresta, selva, mato seja lá o que for, é que você está na natureza e não em um zoológico. Os animais aparecem quando eles querem, e pode ser que não apareçam, dependendo do dia e da estação. Depois de um certo tempo no barco começamos a avistar os botos. Há duas espécies deles, o tucuxi ( cor-de-rosa) e o cinza. Avistamos vários perto do barco, as duas espécies não chegam perto uma da outra, "não se misturam".
Finalmente chegamos no local da esperada pesca da piranha, colocamos pedaços de frango no anzol e esperamos. Ao todo foram só 4 piranhas durante uma hora, eu não pesquei nenhuma. A maior surpresa foi começar a ouvir o culto da igreja evangélica ao som de "tão grande és tu" no meio da floresta amazônica no fim da tarde.
uma piranha "caju" pescada por um dos turistas |
Às 18:00 o barco nos levou para onde avistaríamos o pôr do sol e dar outro mergulho. Após o arco íris assistimos às cores da Amazônia transformarem aquela tarde em noite.
Segundo o cronograma enviado por email pela agência, após o por do sol seria servido o jantar e depois iríamos para a focagem de jacaré. Provavelmente o jantar não estava pronto, eles inverteram o roteiro e fomos lá focar o jacaré ANTES da janta. Eu estava há 7 horas sem comer, meu estômago quase agonizando (e não tem comida para comprar lá), sorte que havia levado algumas bolachas.
De acordo com o guia ainda era cedo para avistar os jacarés, pois eles aparecem mais tarde. Pois é né, se a gente tivesse jantado antes teríamos ido para o jacaré mais tarde 👀
O barco ia de um lado para o outro e nada de jacaré. Quando o barqueiro dizia que tinha visto um e ia pegar, o bicho desaparecia sem nem ter aparecido antes. Eu já pensando que o cara estava me enrolando e do nada ele coloca a mão na água e tira um filhote de jacaré!
Aí o jacarezinho passou pela mão de todo mundo pra bater foto e logo voltou para a água. Na volta acabamos vendo mais dois jacarés maiores, só o olho brilhando na água. Voltando para o hotel, a fome quase comendo os órgãos, comi como se fosse acabar o alimento na terra. Como não bastasse a noite mal dormida devido ao calor infernal e os mosquitos, acordei às 05:00 para ver o nascer do sol com uma terrível dor de estômago que durou o dia todo. Mas lá vamos nós no barco de novo assistir ao nascer do sol, com as primeiras aves revoando, o silêncio da mata quebrado somente pelo som das ondas e do barco.
Depois de o sol nascer fomos tomar café da manhã para depois pegar outro barco para uma caminhada na floresta que duraria até o almoço. A caminhada era bem leve, o guia nos mostrou várias árvores que tenho fotos mas não lembro do nome de nenhuma hahah. O que lembro é da "árvore da comunicação", um golpe no caule produz um som que pode ser ouvido a muitos metros de distância.
No mercado municipal você verá muitos sabonetes de pau rosa (foto à direita), que é muito cheiroso, só ao raspar a casca da árvore dá para sentir o perfume. A foto à esquerda é um formigueiro, você encosta a mão, as formigas tomam conta, diz o guia que elas não picam e deixam a mão cheirosa (???). Na via de dúvidas, resolvi não arriscar.
Fruta com larva que se mexe dentro...babaçu??? |
O ponto alto da caminhada na selva foi trepar no cipó gigante e tirar uma foto. No fim terminamos comendo "castanha do Brasil", porque falar castanha do Pará dá umas tretas grandes, já que ela não cresce só no Pará e o Amazonas também reivindica a fruta. Ao contrário da castanha comprada no mercado, que é bem dura, a que comemos era mole, o que foi bem esquisito, parecia mofa rsrsrs.
Depois da caminhada na floresta voltamos para almoçar e dar um último pulo no rio. No cronograma estava que o barco sairia às 15:00. Depois do almoço eu ia dormir para matar tempo até 15:00, e então ouvi um dos turistas falar que era 13:00. Fomos perguntando pra um monte de gente até que descobrimos que realmente era às 13:00 a saída, pois devido a riscos de pirataria no rio, sequestro de barcos e outras coisas, sair às 15:00 era muito tarde. Bom, apesar do quarto furada, calor infernal, mosquitos, fome, quase ter perdido o transporte e consequentemente o voo que sairia no mesmo dia, eu super recomendo o passeio ahhahah. O que seria da viagem sem um pouco de susto e aventura, né?
Dica: eu deixei este passeio para o fim da viagem, mas faça ele logo no início ou no meio. Fazer no final torna a via sacra de barco-van-kombi acordar cedo para o por do sol muito cansativa.
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