domingo, 30 de julho de 2017

Chegando em MachuPicchu: a saga

Quando comecei a pesquisar sobre os meios de chegar até MachuPicchu, percebi que era a coisa mais confusa do mundo. MachuPicchu fica na cidade de Águas Calientes ( ou MachuPicchu Pueblo). Primeiro você tem que chegar nesta cidade, e depois subir até  MachuPicchu de ônibus ou a pé. A parte confusa começa em como chegar em Águas Calientes.  várias opções, vou citar as 3 mais comuns:

1) Caminho pela hidrelétrica: você pega uma van em Cusco ( S/ 55,00)  em um caminho tortuoso que dura 7 horas até a hidrelétrica e depois caminha por 3 horas até a cidade de Águas Calientes. É o meio mais barato, mas eu jamais faria. Se a viagem for pior do que os vídeos, não acho viável colocar minha vida em risco para economizar ( pesquise no youtube).

2) Tour do vale Sagrado + trem: o tour to Vale Sagrado passa por várias cidades, e a penúltima parada é Ollantaytambo. Muitas pessoas fazem o tour e ficam em Ollantaytambo para pegar o trem para Águas Calientes. O tour chega na cidade perto das 16:00.

3) Van +  trem: esse foi o trajeto que fiz. Eu peguei uma van de Cusco até Ollantaytambo, que custa S/ 10 e o trajeto dura 2 horas. As vans saem da Calle Pavitos em Cusco e não têm horários fixo, saem toda vez que alguma delas enche. 
O trajeto até Ollantaytambo é tranquilo, a estrada é asfaltada e sem buracos. A van para em frente à estação de trem. Em Ollantaytambo peguei o trem até Águas Calientes. 
Há duas empresas que fazem o trajeto de trem: Inca Rail e  Peru Rail. Os trens saem de duas estações: Poroy ( estação a 12 km de Cusco) e de Ollantaytambo ( 72 km de Cusco). As duas empresas partem e chegam nas mesmas estações. Mas o que vale mais a pena: ir direto de Poroy ( que é mais perto para quem está hospedado em Cusco) ou ir até Ollantaytambo de van para pegar o trem? A segunda opção, com certeza.

Os trens que saem de Poroy - por fazerem um caminho mais longo - são mais caros que os que saem de Ollantaytambo. Eu paguei US$64 para ir de Ollantaytambo a Águas Cailentes. Para ir de Poroy para Águas Calientes custa US$90. Acredito que vale mais a pena pagar S/ 10 na van e fazer só o trajeto  Ollantaytambo - Águas Calientes de trem.  Para voltar de MachuPicchu você faz o mesmo trajeto, vai de trem até Ollantaytambo e de lá pega a van de volta para Cusco.
Eu fiz uma besteira na volta: eu paguei mais caro para ir de trem de Águas Calientes até Poroy, pois eu queria ir direto. Acontece que havia manifestações dos professores no Peru, e eles jogaram pedras nos trilhos do trem. Então fomos de trem até Ollantaytambo e de lá a empresa nos levou de ônibus para Cusco. Resumindo, eu paguei cerca de US$30 para fazer um trajeto que poderia ter feito por S/10. E ainda deu errado. Não adiantou ir na empresa reclamar, o povo no trem estava enfurecido e eles não devolveram os nossos US$26 que não foram usados. A empresa não é culpada de terem enchido os trilhos do trem de pedras, mas nós também não.
Entrada da estação de trem de Ollantaytambo ao fundo.

Sala de espera da IncaRail, com chá e café


O trem é pontual e os lugares são marcados, mas não é você quem escolher rsrsrs. Não havia a opção de marcar assento quando comprei pela internet. Quando fui no escritório da Inca Rail mostrar o voucher que imprimi na internet para retirar a passagem me deram um bilhete com assento marcado ( por eles).
O trajeto de Ollantaytambo a Águas Calientes durou 1:40. Durante a viagem são oferecidos "snacks": na ida foi um chocolate e uns palitinhos natureba e na volta uma mistura de frutas secas. Tem um menu com chás e café para pedir, mas eles não têm metade das opções do cardápio. Ah, o trem balança muito! Tomei um dramin e dormi "quase" a viagem toda. Quase porque uma brasileira reclamona não me deixou dormir, pois ficou um bom tempo reclamando de como odiou o Peru e queria voltar para casa...



À noite finalmente cheguei em Àguas Calientes, uma cidade cheia de ladeiras e muito cara. Não compre nada lá, são os mesmos produtos de Cusco com preços absurdamente inflados. Comida e hospedagem também, o preço que paguei por 4 diárias em Cusco paguei por uma diária em Águas Calientes.

Como subir até MachuPicchu?

Há duas opções: subir a pé ( 2 horas ) ou de ônibus ( cerca de 30 minutos). O problema de ir a pé é o cansaço e a falta de ar por causa da altitude, e o problema de  ir de ônibus é esfolar o bolso:  custa US$12 ( cada ida ou volta). O bilhete de ônibus é vendido em duas casinhas na entrada de Àguas Calientes. 
Os ônibus começam a sair às 05:30, toda vez que algum enche já sai outro e assim vai o dia todo. Eu cheguei às 04:45 na fila, achando que ia logo conseguir lugar e me deparei com isso:

Claro que não consegui pegar a fila toda na foto, mas calculo 500 pessoas no mínimo. Eu andava pra chegar ao final da fila e parece que nunca ia terminar. Pensei que iria demorar horrores e que chegaria em MachuPicchu perto das 10:00. Mas às 06:30 consegui embarcar no ônibus, a fila até que andou rápido. Depois de cerca de 30 minutos chegamos na entrada de MachuPicchu.


O ingresso custa S/152 e pode ser comprado pela internet. Li que a partir de julho de 2017 o número de pessoas é limitado por dia, e tem que escolher se vai ir no período da manhã (06:00 - 12:00) ou da tarde (12:00 - 17:30) O meu ingresso era do período de manhã e eu fiquei até 14:00, não tem fiscalização sobre a hora que você sai. 
Agora com as novas regras é obrigatório ter um guia. Quando fui mostrar o ticket na entrada me perguntaram quem era o meu guia. Custa entre S/20 e S/30, em espanhol ou inglês. O tour todo dura cerca de 2:30. 


Aí você tem o guia, ticket, passa pela entrada e pensa que acabou o perrengue, agora vou ver MachuPicchu finalmente...mas ainda tem vários degraus e vários ataques de falta de ar! Estava muito nublado às 07:30 quando começamos a subir, não dava pra ver nada. Aí quando você menos espera...tcharam! MachuPicchu finalmente!


Conseguir uma foto é uma concorrência absurda, um empurra-empurra e várias fotos com bicões atrás até conseguir uma sozinha. Depois desse local é que começa o tour em si, são duas horas e meia de sobe desce. O clima tem duas fases: congelando na sombra e torrando no sol. Protetor solar, água, óculos e chapéu/boné são indispensáveis.

O nosso guia tinha um inglês meio ruim, não entendi tudo o que ele falava. Nem os americanos entendiam, precisavam pedir pra ele repetir várias frases. Não vou detalhar aqui tudo o que ele explicou ( e nem me lembro de tudo ahah).
A cidade foi construída por volta de 1450, mas não se tem certeza do motivo pelo qual os incas a construíram. Em 24 de julho de 1911 foi descoberta ( literalmente, pois estava coberta de mato kkk) pelo arqueólogo americano Hiram Bingham, durante uma expedição para encontrar um local lendário chamado Vilcabamba. Segundo o guia, havia habitantes locais sabiam da existência da "cidade", e na época havia algumas famílias que moravam lá.
As ruínas se misturam entre os terraços para plantações ( milho, batata e coca) locais de sacrifício e adoração e moradias. A cidade se dividia entre a parte baixa ( trabalhadores) e parte alta ( nobres), e um pátio central onde aconteciam as festas. 

Essa pedra era usada para sacrificar a lhama preta no solstício de inverno ( 21 de junho). A lhama preta é muito rara ( não vi nenhuma durante a viagem), e era oferecida como oferenda à Pachamama.


As janelas e portas sempre têm um formato trapezoidal, que garante a estabilidade em caso de terremotos. O encaixe das pedras era feito sem cimento, as pedras eram lixadas e encaixadas: a pedra de cima tinha uma ponta e a de baixo um buraco. 




Mas MachuPicchu não é o fim da subida, ainda tem mais: Montaña MachuPicchu ( atrás da cidade) e HuaynaPicchu ( o nariz do Inca). Para essas duas tem que comprar um ingresso adicional ao comprar o de MachuPicchu. Eu nem pensei duas vezes em não comprar os ingressos, só  pensar em subir mais do que os 2400 metros de altitude já me cansava.
Reparem na cara do Inca no fundo da foto...
Nem tudo em MachuPicchu é construção original, muita coisa é reconstruída, havia várias pessoas trabalhando. As regras que a tentaram impor no parque este ano tentam frear um pouco os turistas e conter a degradação do parque arqueológico. Mas no Peru tudo é acertado com uma propina. Na Montanha Huayna Picchu só podem subir 200 pessoas por dia, tem um guarda no portão da montanha cobrando ingresso. Mas mesmo esgotados os ingressos, com uns dólares a mais você consegue passar sem problemas. O guia me falou que essas são regras da UNESCO e que a cidade não liga muito, eles querem é faturar com os ingressos. 

Resumindo, quanto custa chegar até Machu Picchu?

Van de Cusco para Ollantaytambo: S/10
Trem de Ollantaytambo para Águas Calientes: U$ 64,00
Hospedagem de uma noite em Águas Calientes: R$45,00
Ônibus para subir  MachuPicchu: U$12,00.
Ingresso: S/ 152.
Ônibus para  descer MachuPicchu: U$12,00.
Trem de Águas Calientes para Ollantaytambo: U$ 64,00
Van de Ollantaytambo para Cusco: S/ 10.

Total convertido em reais: R$ 715,00.

Claro que dá pra gastar menos. Você pode economizar os U$24 do ônibus subindo MachuPicchu a pé, mas leva duas horas subindo a 2430 metros de altitude. Ou você pode não ir de trem pegando os caminhos alternativos para chegar até Águas Calientes, como o caminho da hidrelétrica que citei no começo do post. Isso economizaria uns R$450, mas esse foi o modo menos cansativo e perigoso que encontrei. 

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